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O Herbário do Instituto Agronômico de Campinas: Tesouro do Conhecimento Botânico completou 89 anos


18/09/2024

O  Instituto Agronômico de Campinas foi fundado em 27 de junho de 1887, como Imperial Estação Agronômica, adquirindo maior relevância científica a partir de 1920. Em 1927. criou a Divisão de Genética, num momento crucial da economia paulista, e em 1935 estabeleceu a Divisão de Solos. Nas décadas de 1920 e 1930, o IAC instalou Estações Experimentais em várias cidades do interior do Estado de São Paulo. Também no ano de 1935, deu início a criação do seu Herbário, que em julho de 2024 completou 89 anos.

Foto: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo

A palavra herbário, que provém do latim herbarium, é utilizada para dar nome à coleção de amostras de plantas herborizadas. Considerado um “arquivo” de plantas, a principal função de um herbário é conservar fragmentos e amostras da biodiversidade vegetal. Além de preservar as espécies vegetais, o Herbário do IAC tem o compromisso de divulgar o conhecimento sobre as características dessas espécies, para as futuras gerações.

O Herbário desempenha um papel essencial nas pesquisas, fornecendo recursos essenciais para estudos em agronomia, biologia, engenharia florestal e botânica. Para fazer parte  de um herbário, as amostras de plantas passam por várias etapas. Primeiramente é preciso localizar uma amostra fértil (que apresente flores e frutos). Depois as amostras são prensadas e desidratadas (o que é denominado de herborização), secadas em estufas e daí seguindo para o freezer (10° C), para eliminar eventuais insetos. Montadas e fixadas em folhas de cartolina, tamanho padrão, as amostras são etiquetadas, sendo possível conhecer o nome científico e popular da planta, local de ocorrência (tipo de solo, topografia, clima), hábitos da planta, numeração dentro no acervo, nome do coletor, coordenadas geográficas e data da coleta,  entre outras informações. Essa amostra é denominada exsicata, que é a unidade básica da coleção de um herbário, que serão posteriormente acondicionadas em armários hermeticamente fechados.

O objetivo da classificação da amostra é a sua identificação vegetal, de acordo com suas fito-características, história e região, o que possibilita a criação de uma referência taxonômica para estudos de comparação e sistematização herbária por grupos semelhantes.

De acordo com Murilo do Canto Batista Alves, que é o curador do Herbário IAC desde 2022, além da importância desta coleção, devido à quantidade de amostras (com cerca de 60.000 espécimes, de mais de 12.000 espécies), o acervo contempla exemplares de 34 países diferentes (destacando-se Estados Unidos (2256 amostras), Argentina (1643), El Salvador, Uruguai, Japão, Colômbia e Peru). A partir deste ano, com projeto fomentado pelo INCT – Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, a coleção do Herbário será digitalizada e disponibilizada através da plataforma specieslink (de consulta online e gratuita). Um trabalho fundamental para a preservação das amostras, o que possibilita e facilita, cada vez mais, sua divulgação para estudos e pesquisas.

O Herbário IAC também aderiu ao sistema Jabot, que é atrelado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que gerencia coleções científicas depositadas em herbários e redes laboratoriais de instituições de pesquisas e de coleções vivas. “Esse sistema disponibiliza para a curadoria de herbários diversas funções de acompanhamento e também possibilita aos usuários do sistema o acesso de dados e imagens, com funcionalidades para a análise e melhoria da qualidade destes dados”, afirma Juliana Rolim Teramoto diretora do Centro de Recursos Genéticos Vegetais e pesquisadora do IAC.

De acordo com o CRIA – Centro de Referência em Informação Ambiental – sediado em Campinas,  a coleção do Herbário do IAC é formada por plantas nativas, invasoras ou cultivadas, principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Amazônia e Pará. O material mais antigo da coleção é uma amostra de café (Coffea Arabica), coletada em 1840 (ilustração) e também armazena duplicatas doadas pelo Museu de Paris. É o 5º maior herbário do Estado de São Paulo, criado depois dos herbários do Instituto Florestal (SPSF – 1896), do Instituto de Botânica (SP – 1917) e do herbário da Universidade de São Paulo – USP (SPF – 1932). É posterior, inclusive, ao Herbário Micológico  do IAC (IACM – 1932), que é um herbário de fungos.

Um dos diferenciais do Herbário, que conta com 55.000 exsicatas, é que ele possui exemplares das plantas melhoradas geneticamente pelo IAC, como, café, arroz, feijão, milho e plantas ornamentais. É registrado no Index Herbariorum (IH), uma instituição oficial internacional, desde 1952. São mais de 3400 herbários associados, sendo a maior coleção brasileira, a do Museu Nacional do Rio de Janeiro, conta com mais de 550 mil exsicatas.

Em tempos de queimadas imprudentes no Cerrado, Amazônia e em outras regiões do país, é bem possível que  as exsicatas se tornem os únicos registros de algumas espécies de plantas.

Links:

http://herbario.iac.sp.gov.br/

https://www.brasilianaiconografica.art.br/ obras/17551/ coffea-arabica-linn

 

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