25/10/2024
Em comemoração à 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) realizou a 3ª edição do “Apta Portas Abertas”. O evento, que ocorreu nos dias 18 e 19 de outubro, trouxe algumas das inúmeras pesquisas desenvolvidas pelas instituições vinculadas ao órgão: o Instituto Agronômico (IAC-Apta), Instituto Biológico (IB-Apta), Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), Instituto de Pesca (IP-Apta), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-Apta), Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), e Apta Regional com 18 Unidades de Pesquisas, distribuídas estrategicamente no Estado de São Paulo.
Nesta edição vamos falar das visitas realizadas na sede do ITAL (18/10) e na sede do IAC (19/10), ambos em Campinas, São Paulo. De acordo com a Diretora Geral do ITAL, Eloísa Garcia, não basta gerar conhecimento, soluções e tecnologias promissoras, se não forem efetivamente transferidas às empresas e instituições, e também divulgadas à população. Esse foi o principal objetivo da realização do evento APTA Portas Abertas. Ambos os institutos tiveram 1 dia reservado somente às escolas da região, que levaram os grupos mediante inscrição realizada pela internet.
No ITAL, 190 visitantes, entre estudantes e público geral, ouviram os pesquisadores, percorrendo os diversos centros da instituição: Centro de Tecnologia de Carnes (CTC), Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolates (Cereal Chocotec), Centro de Tecnologia de Frutas e Hortaliças (Fruthotec), Centro de Tecnologia de Laticínios e Bactérias (Tecnolat), Centro de Ciência e Qualidade dos Alimentos (CCQA), Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) e o Tropical Food Innovation.
O Tropical Food Innovation, um dos mais novos centros de inovação de Campinas, é resultado de um consórcio entre o Ital, o Food Tech hub Latam e três líderes globais, as empresas Givaudan, Bühler e Cargill. O objetivo do novo hub é desenvolver produtos sustentáveis em alimentos e bebidas, de forma colaborativa. Investidores, empresas, startups, universidades e instituições de pesquisa têm acesso à tecnologia de ponta – para realizarem prototipagem rápida e conexão ao ecossistema global de tecnologia – acelerando a inovação no setor. No edifício do hub também fomos apresentados ao projeto Comer Com Ciência, que busca esclarecer a população, desvendando a ciência por trás dos alimentos, desmistificando alguns conceitos em volta dos alimentos processados e ultraprocessados.
A visita ao Cereal Chocotec animou o grupo, pois puderam aprender (e participar) do processo de confecção do chocolate, e saboreá-los. Todos os participantes levaram uma amostra de chocolate para casa. O Cereal Chocotec atua há mais de 20 anos e desenvolve pesquisas sobre chocolate, balas, confeitos, cereais, pães, bolos e biscoitos. Durante o ano, vários cursos são realizados na sede do Ital, e as inscrições também são feitas pela internet. Também na Chocotec, o engenheiro agrônomo Fioravante Stucchi Neto (da Cati Regional de São José do Rio Preto), contou aos participantes sobre o Projeto Cacau SP, e explicou a cadeia produtiva do cacau e do chocolate através de demonstrações e degustação da semente do cacau. De acordo com Stucchi, através do cultivo integrado desta planta amazônica, será possível cultivar cacau no estado de São Paulo, que não tem tradição nessa cultura, e aí “fazer a mágica, transformar cacau em chocolate”, parceria da Cati São José do Rio Preto e Ital desde 2022;
No Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), os visitantes puderam saber mais sobre os testes realizados na composição de embalagens (de alumínio, aço, vidro). No caso das bobinas gigantescas de alumínio, estas chegam cortadas ao laboratório, como folhas, e os testes analisam os problemas que podem acontecer no armazenamento dos alimentos, e quais as soluções mais adequadas a se adotar. Desta forma, o Centro trabalha com três frentes: 1) a pesquisa e desenvolvimento de embalagens, 2) a avaliação de embalagens que já estão sendo comercializadas (o processo continua adequado?), e por fim, 3) os problemas que podem acontecer com as embalagens, apesar de muito improváveis;
O Centro de Tecnologia de Carnes (CTC) foi inaugurado em 1976, como “Usina Piloto de Carne e Derivados”. Em 1978 e 1981, o Ital realizou seus primeiros cursos internacionais sobre tecnologia de carnes, direcionado à técnicos brasileiros, da América Latina e de países africanos de língua portuguesa. As instalações do CTC incluem a planta-piloto, os laboratórios de análise físico-químicas, microbiológicas e sensoriais. Os principais serviços prestados são a pesquisa, desenvolvimento de novos produtos, curso de pós-graduação, treinamentos in company, consultorias e representações nacionais e internacionais;
No sábado (19/10), a visita foi no Instituto Agronômico (IAC), que na sexta-feira recebeu somente grupos escolares. Os centros do IAC estiveram presentes, através da exposição de suas pesquisas e conversas com estudantes e público em geral. São eles: 1) Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Seringueira e Sistemas Agroflorestais-IAC (que tem sede em Votuporanga, SP, e foi inaugurado em 2014). O IAC introduziu clones de seringueira oriundos da Ásia no ano de 1952. Somente a partir de 2005/2006, através do melhoramento genético, surgiram os primeiros clones totalmente desenvolvidos pelo IAC (Série 300). Entre 2009 e 2013, o instituto registrou as séries 400 e 500. Até 2020, o IAC desenvolveu e disponibilizou 31 clones. Todos foram registrados no RNC (Registro Nacional de Cultivares), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Hoje, o estado de São Paulo é o maior produtor nacional de borracha;
2) Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento da Cana-IAC (sede: Ribeirão Preto, SP). O Centro opera em rede, englobando pesquisadores de sua própria unidade como de outras unidades como, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Biossistemas Agrícolas e Pós-Colheita – resultando no que é denominado de Programa Cana IAC (PROCANA). O trabalho envolve melhoramento genético, ciências do solo, caracterização dos ambientes de produção, fitotecnia, manejo de pragas e doenças e estimativa de produção;
3) Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Engenharia e Automação-IAC (sede: Jundiaí, SP. Nasceu em 1935, em Campinas, como Seção de Mecânica Agrícola, Irrigação e Drenagem – da Divisão de Solos, Mecânica e Agrícola. Em 1969, assumiu a estrutura física do extinto DEMA (Departamento de Engenharia e Mecânica, em Jundiaí/SP. Com a mudança da SAA em 2002, recebeu o nome de Centro de Engenharia e Automação (CEA). Presta serviços na área de mecanização, agricultura regenerativa, agricultura por imagem, meio ambiente e segurança no manuseio de agroquímicos;
4) Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Biossistemas Agrícolas e Pós-Colheita-IAC. Nasceu com a missão de gerar e transferir ciência, tecnologia e produtos por meio de estudo da relação planta-ambiente, com ênfase em climatologia agrícola, fisiologia vegetal, irrigação e drenagem, sendo em 2017 incorporado ao Centro a áreas de pós-colheita. Gerencia uma das mais importantes redes de estações meteorológicas do país, a qual engloba um dos postos de coletas mais antigos da América Latina. Essa estação atualmente situa-se em Campinas e possuí início da coleta de dados de temperatura do ar e precipitação pluvial, desde janeiro de 1890;
5) Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade-IAC – Os primeiros trabalhos com doenças em plantas foram realizados em 1892, após surgirem problemas com doenças em videiras. Disso resultou a criação da Seção de Fitopatologia em abril de 1894, a mais antiga do Brasil. A Seção de Entomologia foi criada em 1927, seguida da Virologia em 1954, e da Nematologia em 1990. Em 1998, uma reforma administrativa no IAC fechou as seções técnicas e criaram os Centros. A Seção de Fitopatologia, Virologia, Nematologia e Entomologia passaram a constituir o Centro de Fitossanidade. Em 2014 o Quarentenário IAC passou a fazer parte do Centro.
O Centro desenvolve projetos de pesquisa com o principal objetivo de dar suporte aos programas de melhoramento genético de culturas, para obter cultivares resistentes a pragas e patógenos. Tem trabalhado nas culturas de algodão, amendoim, batata, feijão, figo, hortaliças, maracujá, milho, plantas ornamentais, soja, trigo, videira, entre outras
O Quarentenário IAC situa-se na Fazenda Santa Elisa, Campinas, no Centro Experimental do IAC. As primeiras introduções de materiais vegetais no Brasil, por meio do Quarentenário IAC ocorreram em 1999. Somente a partir de 2007 as quarentenas passaram a ser mais expressivas, atingindo 200 (quarentenas) durante os últimos 5 anos. O Quarentenário IAC possui como parceiro de importações cerca de 100 empresas e instituições de pesquisa, públicas ou privadas. Os países que mais enviam germoplasma para o Brasil são: EUA, Holanda e Argentina. De 2014 a 2021, um total de 1457 quarentenas foram introduzidas, e aproximadamente 170 mil acessos liberados, entre convencionais e geneticamente modificados.
Os outros centros do IAC também estiveram presentes no Portas Abertas: 6) Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Frutas (com sede em Jundiaí/SP); 7) Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Grãos e Fibras (que iniciou suas atividades na década de 1930); 8) Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais; 9) Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Recursos Genéticos e Vegetais (considerado um dos primeiros locais criados no país para esse gênero de pesquisa, e que teve entre os seus pesquisadores nomes como Carlos Arnaldo Krug, Glauco Pinto Viégas e Alcides Carvalho); 10) Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento de Citricultura “Sylvio Moreira” (com sede em Cordeirópolis/SP, inaugurado em 1928, em Limeira; 11) Biblioteca do IAC (que possui o maior acervo de títulos de agricultura da América Latina); 12) Herbário-IAC (que completou 89 anos em 2024), e ofereceu oficinas às crianças, trouxe o exemplar de excicata da Coffea Arábica (de 1840) (repatriada ao IAC pelo Museu de Paris); 13) Programa Café do Instituto Agronômico-IAC (das 132 cultivares de café arábica desenvolvidas no Brasil, 67 resultam dos trabalhos realizados pelo IAC, e representam 90% do café arábica comercializado no Brasil e 70% no mundo).
Todos esses programas e projetos podem ser apreciados mediante agendamento com os responsáveis. Dessa forma, os institutos da Apta estão sempre de Portas Abertas, para os interessados em ciência, pesquisa, tecnologia, inovação e conhecimento.
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