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Hercule Florence: Artista-inventor, desenhista, pesquisador múltiplo, ganha sala no MIS de Campinas


27/05/2024

Foi realizada em Campinas, São Paulo, no dia 19 de maio de 2024, a “24º Caminhada Hercule Florence”, em comemoração à inauguração da Sala Hercule Florence, no Museu da Imagem e do Som (MIS). O novo ambiente é uma exposição permanente, que traz o estudo, obras e pesquisas do artista, resultado de um projeto selecionado pelo Edital ProAC (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo), edição 12/2023, na categoria Artes Visuais – Produção de Exposição Inédita.

Foto: Tatiana Ribeiro – Correio Popular

Hercule Florence, autor do mais antigo registro fotográfico das Américas há 191 anos[1], e que escolheu a vila de São Carlos (antigo nome de Campinas) para viver, nasceu em Nice, na França, em 28 de março de 1804. Quando chegou ao Rio de Janeiro em 1824, um dos seus primeiros trabalhos foi numa tipografia executando litografias. Jovem muito curioso, já vivendo em São Paulo, aos 21 anos se candidatou e participou como desenhista da segunda fase da expedição do médico e naturalista, Georg Heinrich von Langsdorff (Cônsul Geral da Rússia no Rio de Janeiro), realizada entre os anos de 1825-1829, que teve o objetivo de coletar e catalogar minerais, a fauna e a flora brasileira. Foram aproximadamente 17 mil quilômetros percorridos de São Paulo até Belém do Pará.

Na abertura do “Seminário Internacional Cento e Noventa anos dos Experimentos Fotográficos de Hercule Florence”, realizado na cidade de São Paulo no ano de 2023, João Fernandes, diretor artístico do Instituto Moreira Salles,  Sérgio Burgi,  coordenador de fotografia da mesma instituição e Francis Melvin Lee, superintendente do Instituto Hercule Florence, fizeram algumas considerações sobre o artista, que vale a pena relembrar aqui.

Para João Fernandes, “Hercule foi exemplar na sua curiosidade infatigável, e esse caminho levou o artista à uma prática experimental da ciência. Essa prática é hoje uma justa devolução quando analisamos suas imagens, o que nos permite compreender toda a amplitude e profundidade de seu trabalho de pesquisa, com o qual ele revolucionou as possibilidades de registro do mundo, da presença humana no mundo”. De acordo com Fernandes, a inventividade de Hercule possibilitou outras formas de ver o mundo, o que é também uma construção.

Foto: Jornal da USP

De acordo com Sérgio Burgi, Florence foi o primeiro a empregar o termo photographia em outubro de 1833, “quando descreveu detalhadamente os resultados e a aplicabilidade de seus experimentos fotográficos realizados ao longo daquele ano, em especial no que se refere aos usos potenciais associados às pesquisas que vinha realizando, em torno da inovação e simplificação dos processos de impressão gráfica da poligrafia”. Hercule obteve, através do uso de uma câmara escura, a primeira fixação da imagem no papel usando nitrato de prata, considerado um dos primeiros processos fotográficos da história.

De acordo com a arquiteta Francis  Melvin Lee, “o artista trabalhava com a interdisciplinaridade, característica dos naturalistas do século XIX, unindo ciências biológicas, ciências humanas e artes, caminho que podemos trilhar no século 21”. Para ela, o Instituto Hercule Florence, que foi fundado em 2006, na cidade de São Paulo, por Antonio Florence, tem a convicção de que os novos conhecimentos que se pode alcançar dentro da pesquisa (científica e histórica), tem que se dar através da colaboração entre arte e ciência.

No ano em que Campinas comemora os seus 250 anos, a inauguração da nova sala é um reconhecimento necessário ao grande artista e pesquisador que foi Hercule Florence, um presente para a cidade, que desta forma valoriza e amplia os espaços de organização, preservação e divulgação de sua história.

Parabéns Campinas, terra de Hercule Florence!

 

Fontes:

Site do Fórum de Inovação e Sustentabilidade Campinas (FISC): https://www.forumcampinas.org.br/ interdependencia/a-importancia-da-cti/

Outros links:

https://www.instagram.com/mis.campinas?igsh=MW1veDM1dWxuaWp1OQ==

https://youtu.be/ZffwPjg4W9w?si=UlbwSzc5n8KIKtgS

https://www.brasilianaiconografica.art.br /artigos/20193/ a-expedicao-langsdorff-e- a-vinda-de-rugendas-ao-brasil

 

[1] Hercule Florence. “Epréuve Nº2 (photographie)”. Fotografia: Conjunto de rótulos para frascos farmacêuticos, 1833. Vila de São Carlos, Campinas, SP Acervo Instituto Moreira Salles-IMS. Link: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=1243

 

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