20/01/2025
Entre os dias 27 e 28 de novembro de 2024, aconteceu na Espanha a FAPESP Week Spain, na Universidade Complutense de Madri. O Simpósio teve como principais objetivos incrementar as parcerias e pesquisas desenvolvidas entre os pesquisadores do estado de São Paulo e da Espanha. Um dos trabalhos apresentados no evento foi desenvolvido no CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), que está sediado em Campinas, SP. Pela primeira vez no Brasil, os pesquisadores desenvolveram uma pele artificial completa que utiliza a bioimpressão 3D. O modelo é denominado Human Skin Equivalent with Hypodermis (HSEH), e inclui as três camadas da pele humana — epiderme, derme e hipoderme.
A pesquisa é coordenada por Ana Carolina M. Figueira, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do CNPEM, utiliza colágeno como matriz para a interação celular, resultando em uma pele artificial mais funcional e semelhante à humana. O artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Communications Biology, do grupo Nature. A inovação irá transformar o tratamento de problemas na pele, como feridas e queimaduras, além de viabilizar estudos de medicamentos e cosméticos sem a necessidade de testes em animais.
A inclusão da hipoderme no modelo é um diferencial importante, pois essa camada contribui para funções essenciais, como hidratação e regeneração celular. Testes iniciais, realizados em parceria com pesquisadores da Holanda, já analisam feridas de difícil cicatrização em pacientes com diabetes, condição que pode levar à amputação de membros. Também a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), assim como a Universidade do Porto contribuíram para otimizar as técnicas de bioimpressão.
De acordo com Figueira, “os modelos de pele 3D têm sido explorados como um método alternativo ao uso de animais em testes de absorção de cosméticos, por exemplo. Mas as opções desenvolvidas até agora têm como limitação o fato de que negligenciam a hipoderme – a camada mais profunda da pele e que exerce um papel fundamental na regulação de processos biológicos importantes, como a hidratação e a diferenciação celular”.
“Esse novo modelo de pele 3D com a camada de hipoderme fornece uma plataforma in vitro mais precisa para a modelagem de doenças e estudos toxicológicos”, avaliou Figueira.
“Os resultados dos ensaios que realizamos mostram que a hipoderme é indispensável para modular a expressão de uma ampla gama de genes vitais para a funcionalidade da pele, como os relacionados à proteção e à regeneração do tecido”, disse.
Em 2022, o CNPEM foi premiado pela Embrace – Conexões de Impacto – da Natura & Co pelo projeto Human-on-a-chip, que simula órgãos humanos em laboratório. Integrando a Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama), o CNPEM reafirma sua liderança em métodos inovadores e sustentáveis, fortalecendo o Brasil como referência global em pesquisa ética.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização privada sem fins lucrativos, que funciona sob a supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Opera quatro Laboratórios Nacionais e é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – o Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. Atualmente está em instalação no CNPEM o Orion – complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos que estará à disposição da comunidade científica nacional e internacional, que atua na investigação de agentes patogênicos (vírus, bactérias, fungos) e seus efeitos para a saúde humana.
O CNPEM reúne equipes multitemáticas, altamente especializadas. Suas infraestruturas laboratoriais são globalmente competitivas, abertas à comunidade científica, que busca realizar projetos inovadores em parceria com o setor produtivo, além de investir na formação de investigadores e estudantes. É um ambiente impulsionado pela pesquisa de soluções com impacto nas áreas de Saúde, Energia e Materiais Renováveis, Agroambiental, Tecnologias Quânticas.
A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da “Ilum Escola de Ciência”, que acaba de formar sua primeira turma (2024). O curso superior interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação, que tem a duração de 3 anos, adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa, inovação e tecnologia do CNPEM.
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