Em 1967, uma reforma administrativa promovida na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo criou a Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária e a Coordenadoria da Assistência Técnica Integral-CATI, cabendo a esta a responsabilidade de auxiliar o produtor rural no tocante à geração de renda e ao valor de sua produção. Os serviços de assistência técnica, antes dispersos por diferentes órgãos, foram unificados na CATI, que assumiu o trabalho de extensão rural em todo o território paulista, com vistas à sustentabilidade da produção e à melhoria da qualidade de vida das famílias rurais paulistas. Instalou-se a Sede da nova Coordenadoria em parte desmembrada da Fazenda Santa Eliza, pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas-IAC, sendo o terreno transformado em um parque arborizado planejado por Hermes Moreira de Souza, engenheiro agrônomo e pesquisador conhecido como “semeador de florestas”, conservado zelosamente pelas próprias equipes técnicas do órgão.
As primeiras ações de assistência aos produtores rurais foram referentes à defesa sanitária, à produção de sementes e de mudas, para as quais se criou a Rede Assistencial Agrícola, com nove divisões regionais (DIRAs). As Casas de Lavouras da Secretaria, criadas em 1942, foram transformadas em Casas da Agricultura (CAs) e nessas, o produtor rural passou a receber orientação técnica geral, informações sobre financiamento e acesso a programas do governo do Estado. Em 2023, contam-se 595 Casas de Agricultura no Estado, agregadas em 40 escritórios regionais (EDRs).
Na década de 1970, vários programas de rádio e TV foram criados para levar informações aos produtores rurais, como o Telecurso Rural em 1980, realizado em parceria com a TV Cultura. Um importante processo de mudanças na extensão rural paulista teve início com a promulgação da Constituição de 1988, a partir da implementação de diretrizes de descentralização e participação, que se concretizaram na agricultura paulista com a municipalização dos serviços de agricultura e a maior participação da comunidade nos Planos Agrícolas Municipais de 1990 em diante. Foram disponibilizados recursos para que as Prefeituras Municipais aderissem ao Sistema Estadual Integrado de Agricultura e Abastecimento (SEIAA), conhecido como “Municipalização”, e assim fossem contratados técnicos para as Casas da Agricultura, com o objetivo de se otimizar o trabalho realizado nessas unidades.
No final da década de 1990, o Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas (PEMH), parceria entre o Estado e o Banco Mundial, tornou-se um marco da extensão rural, priorizando a produção agropecuária em harmonia com o meio ambiente em 970 microbacias ocupando mais de 3,5 milhões de hectares. O sucesso do Programa resultou no “Microbacias II (2015-2018) Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Acesso ao Mercado”, que auxiliou os pequenos produtores a acessar o mercado, envolvendo as comunidades quilombolas e indígenas. Em 1996, iniciam-se os censos agropecuários no Estado, em ação conjunta da CATI com o Instituto de Economia Agrícola-IEA, gerando o Levantamento Censitário das Unidades de Proteção Agropecuária (LUPA), banco de dados informativo para a formulação de projetos para a extensão rural.
Com o Instituto Biológico-IB, a CATI desenvolve o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar-PROSAF e, em parceria com os Institutos Agronômico de Campinas-IAC e de Zootecnia-IZ, auxilia na qualificação dos produtores com o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), também conhecido como sistema silvipastoril. A CATI, por meio de seu Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), tem um papel importante para multiplicar sementes, principalmente de grãos, e mudas de frutas de variedades desenvolvidas pelo IAC. Em 2022, o IZ criou o primeiro Centro de Pesquisa em Pecuária Sustentável do Brasil, em São José do Rio Preto, SP, com o compartilhamento das informações e pesquisas pela CATI.
Igualmente à pesquisa, com a atuação da CATI o acesso às políticas públicas ligadas ao crédito rural se intensificaram em São Paulo, em especial para financiamentos e seguro rural, caso do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista/Banco do Agronegócio Familiar (FEAP/BANAGRO), possibilitando aos pequenos e médios produtores obter condições mais atrativas e facilitadas para a obtenção de recursos e aplicação em suas atividades rurais, com vistas a uma maior competitividade.
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