10 ago Correio Popular: Finep libera R$ 29,7 mi para 3 parques tecnológicos de Campinas
Reportagem publicada no Correio Popular, em 09/08/2022
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A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades e instituições de pesquisa, aprovou a liberação de R$ 29,7 milhões para três parques científicos e tecnológicos públicos de Campinas. O recurso é destinado a impulsionar o desenvolvimento tecnológico da região e promover maior interação entre empresas inovadoras, instituições de ciência e tecnologia (ICT´s) e poder público.
A maior parcela dos recursos destinados a Campinas pela Finep, que é vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, é de R$ 14,7 milhões e contemplará o Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Parque Tecnológico Municipal de Campinas, da Informática dos Municípios Associados (IMA), receberá R$ 9,5 milhões; e o CTI-Tec, ligado ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), R$ 5,4 milhões.
Os projetos aprovados para receber os recursos vão desde o desenvolvimento de tecnologias nas áreas de indústrias e saúde 4.0 e criação de uma Vila de Startups na Unicamp, considerada a principal instituição de fomento às empresas de base tecnológica de Campinas. “O investimento nos parques amplia o apoio a essas empresas e fortalece a região e o seu ecossistema, uma vez essas empresas têm capacidade de crescimento exponencial, de geração de empregos e de propor novas soluções em nível nacional e internacional”, explica o diretor do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e presidente da Fundação Fórum Campinas Inovadora (FCCI), Eduardo Gurgel do Amaral.
“Temos um ecossistema com uma concentração grande de empresas de base tecnológica e instituições de ciência e tecnologia, mas esse sistema precisa ser retroalimentado”, completa. A previsão é que a Finep libere as verbas nos próximos dois a três meses. Os projetos de Campinas receberão 9,3% do total de R$ 320 milhões de recursos autorizados pela agência pública para o Fundo Verde e Amarelo para dez projetos de parques em todo o país.
Essa foi a primeira aprovação de recursos pela Finep para essa área em nove anos. A última havia sido em 2013. Amaral destaca que Campinas foi a única cidade do país a ter três propostas contempladas. “Isso demonstra a força de Campinas, a concentração de capacidade instalada, a competência desse ecossistema no desenvolvimento de ciência e tecnologia e formação de conhecimento”, afirma o presidente da FFCI.
Vila de Startups
A Vila de Startups da Unicamp, prevista para ficar pronta em dois anos após a liberação da verba, terá 3,5 mil metros quadrados e dobrará a capacidade da universidade de receber empresas emergentes ou parceiras. Atualmente, o Parque Científico e Tecnológico da universidade abriga 40 empresas distribuídas em seis prédios, que serão mantidos. Elas atuam nas áreas de ciência e tecnologia, com o novo espaço mantendo esse foco.
“São startups ou empresas maiores que têm a capacidade de absorver a mão de obra que a Unicamp forma”, explica a diretora-executiva da Agência de Inovação da universidade (Inova), Ana Frattini. De acordo com ela, a vila buscará ampliar o interesse de grandes empresas em investir em novos produtos e inovações criados pelos participantes, fomentando um ecossistema de negócios.
Além dos R$ 14,7 milhões aprovados pela Finep, o novo espaço receberá investimento de contrapartida da Unicamp de R$ 2 milhões para a criação de infraestrutura de informática e R$ 1,5 milhão ao longo de cinco anos em pessoal para gestão do local. O projeto da Vila de Startups prevê um conceito inovador ágil e ambientalmente sustentável. Ele é baseado em estruturas metálicas e módulos que permitirão a ampliação no futuro sem a necessidade de construção de um novo prédio. Além disso, evitará a alvenaria, que gera muitos detritos.
“A ampliação física do parque fortalece o posicionamento estratégico da Unicamp junto ao ecossistema regional, como principal instituição capacitada para apoiar diretamente empresas nascentes de base científica e tecnológica, além da geração de empregos qualificados e renda”, diz Ana Frattini. “O parque é um dos mais importantes instrumentos da universidade para a transferência da tecnologia desenvolvida e para o suporte efetivo a essas empresas nascentes, tanto em espaço físico quanto em capacitação”, acrescenta. A Unicamp disputou a liberação de verba com outros 50 propostas de todo o país.
O objetivo da Vila das Startups é ampliar a capacidade de contribuição da instituição no apoio às empresas inovadoras, oferecendo suporte físico e capacidade para elas aumentarem sua competitividade regional, nacional e internacional. O projeto arquitetônico também buscará unir paisagismo e natureza com modernidade e promover a integração entre as empresas.
“Esse contato direto, essa net foi o que permitiu o salto das empresas do Vale do Silício [área da Califórnia (EUA) que sedia startups e grandes empresas de tecnologia]. Isso não ocorre em ambiente fechado, em laboratórios, mas com as pessoas interagindo, conversando”, diz o presidente do FFCI. A vila da Unicamp prevê ainda a que as empresas hospedadas receberão capacitação em internacionalização em práticas ambientais, sociais e de governança, conhecidas pela sigla em inglês ESG.
Uma das startups instaladas na Unicamp é a Exatech, que desenvolve softwares e dispositivos inteligentes para detecção e pré-diagnóstico de cânceres de pele, com objetivo de reduzir desigualdades e aumentar a acessibilidade em relação a esses tipos de exames. Criada em 2020, a empresa ganhou o Prêmio Inovadores na categoria Spin-Off Acadêmica, destinado a negócios gerados a partir de pesquisas desenvolvidas na Unicamp. Ela é formada pelos ex-alunos da universidade Leonardo von Huelsen e Leonardo Cazzuni (Engenharia Física) e Felipe Garcia (Engenharia Elétrica).
IMA
A liberação de R$ 9,5 milhões permitirá à IMA, empresa de economia mista que tem como maior acionista a Prefeitura de Campinas, construir um prédio central do Parque Tecnológico Municipal, com 2 mil m2 e capacidade para sediar 25 empresas, salas individuais e de coworking, auditórios e restaurante. De acordo com o presidente da Informática dos Municípios Associados, Elias Tavares, as regras de ocupação serão definidas com a participação de secretarias municipais.
O futuro parque terá como foco o conceito de Cidades Inteligentes, para que empresas de base tecnológica atuem no desenvolvimento de soluções e melhorias na gestão do setor público. “O Parque Tecnológico também será voltado para a internet 5G, que está chegando ao Brasil, e a Internet das Coisas”, diz Tavares.
O empreendimento será instalado na área que passou a ser propriedade da IMA a partir da incorporação da Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec), em 2019. Ao todo, o terreno soma mais de 300 mil metros quadrados e está localizado na Rodovia Dom Pedro I, próximo à Rodovia Anhanguera.
CTI
O CTI Renato Archer, centro de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, destinará os R$ 5,4 milhões para dar início à operação formal do Parque Tecnológico CTI-Tec. O valor será investido na reforma do prédio I, com ampliação da área existente de 1.808 m² para 2.200 m², por meio da construção de um novo pavimento na ala leste do edifício, construção de um makerlab de uso compartilhado e de estacionamento para 90 vagas, além de melhorias estruturais.
O espaço terá capacidade para abrigar até 50 empresas das áreas de indústria e saúde 4.0. O coordenador do Parque Tecnológico e Laboratórios Abertos, Fernando Ely, explica que a proposta do espaço é apoiar empresas que tenham soluções inovadoras para essas áreas. “Nosso objetivo não é apenas abrigar essas empresas, mas apoiá-las com capacitação, geração de conhecimento conjunto e acesso aos laboratórios do CTI que são referência nacional e até internacional”, afirma. A expectativa do prazo de execução da reforma é de nove meses.