21 set Investimento em infraestrutura e qualidade de vida são estratégias para fortalecer a inovação em Campinas
O investimento em infraestrutura e melhora da qualidade de vida são estratégias que devem priorizadas pelo poder público para fortalecer e aproveitar a vocação inovadora e empreendedora de Campinas nos próximos anos. Ações como essas têm como objetivo desenvolver na cidade um ambiente propício para atrair e manter talentos capazes de fomentar e impulsionar a cultura de inovação nas empresas e atrair novos negócios.
Essas propostas foram apresentadas no segundo webinar no Inova Trade Show, realizado no último dia 10 de setembro pela Fundação Fórum Campinas inovadora (FFCi). As sugestões do debate “Política de Inovação e Empreendedorismo: pauta para 2021-2025” serão organizadas em uma carta que será enviada aos candidatos a prefeito de Campinas como uma contribuição para seus planos de governo. O encontro teve a participação de entidades relevantes do setor, como Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC), Agência de Inovação Inova Unicamp, Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), Techno Park Campinas e Campinas Tech.
Campinas é destaque nacional e internacionalmente por reunir universidades de ponta, institutos de ciência e tecnologia e grandes empresas. No entanto, é preciso que o governo municipal esteja atento às necessidades do setor e crie um ambiente favorável para explorar as boas condições que a cidade já possui.
Segundo o diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp e VP de Programas e Projetos da FFCi, Newton Frateschi, é necessário planejamento urbano, mobilidade e comunicação para que se crie um ambiente para a inovação florescer. “É preciso criar um lugar bom para se viver e que as pessoas, grandes empresas e startups queiram estar aqui. E isso é possível com um lugar com talentos e parcerias adequadas, incentivo à ciência e tecnologia, boa estrutura com baixa desigualdade social, baixa criminalidade e menos burocracia.”
O presidente da FFCi e diretor do parque científico e tecnológico da Unicamp, Eduardo Gurgel do Amaral, avalia que a existência de um território qualificado tem papel estratégico para que empresas busquem se instalar na cidade. “Se quisermos nos desenvolver, precisamos de gente. E não se fixa gente de qualidade se o território não estiver qualificado, com boas condições para se viver. Campinas compete com grandes cidades internacionais, principalmente porque as empresas de alta tecnologia têm capacidade de fixar em qualquer lugar do mundo, em países muito agressivos na atração dessas empresas.”
O investimento no ambiente também é estratégico para atração de startups, que têm papel fundamental para o desenvolvimento e fortalecimento da cultura da inovação e empreendedorismo. O presidente da Campinas Tech, Omar Branquinho, defende que a responsabilidade do poder público deve ser investir em quem atrai essas empresas inovadoras. “Isso é importante para criar massa crítica e, consequentemente, um ecossistema de fato. Dessa forma, é possível criar coalizões produtivas entre as pessoas para que produzam conhecimento e fiquem na cidade.”
A responsabilidade do governo, contudo, vai além do interesse em investir em medidas que fomentem esse ecossistema, mas sim, trata-se de uma obrigação prevista na Constituição Brasileira. Segundo Antônio Álvaro Duarte de Oliveira, diretor-presidente da Fundepag e VP de administração e finanças da FFCi, os prefeitos têm a obrigação constitucional de investir em políticas de inovação. “Em 2015 foi promulgada a Emenda Constitucional que obriga as organizações federal, estadual e municipal a trabalharem com inovação tecnológica. No entanto, a Constituição não é cumprida”, afirma. Oliveira se baseia em exemplos internacionais e sugere que Campinas crie um fundo especial para pesquisa científica e tecnológica voltada à inovação.
Além da necessidade de investimento em infraestrutura, as altas cargas tributárias impostas às empresas têm sido um dificultador para a expansão da cultura inovadora em Campinas. A presidente da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) e vice-presidente da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), Adriana Flosi, considera que esse fator tem sido responsável por afastar a instalação de empresas na cidade. “Não temos uma política amigável aos empresários, que precisam de incentivo, especialmente para fomentar a cultura de inovação por meio da conexão com startups”.
Os custos municipais e o contexto urbano devem ser catalisadores do desenvolvimento de um polo tecnológico e inovador, de forma que Campinas assuma o protagonismo dentro deste cenário. “A cidade-palco deve ser substituída pela cidade-atriz, com redução de custos públicos para atrair empresas, envolvida em processos de negociação com as outras instâncias de governo, participando ativamente do planejamento e gestão urbana regional”, afirmou diretor do parque tecnológico Techno Park Campinas, José Luiz Guazelli.
Sobre o Inova Trade Show
Em sua 7ª edição, o Inova Trade Show tem como objetivo promover rodadas de negócios, demonstrar o potencial tecnológico e apresentar as novas tendências para o ecossistema inovador. Neste ano terá um formato 100% digital e que reunirá empresas, startups, instituições de pesquisa, universidades, incubadoras, aceleradoras e parques científicos e tecnológicos. A programação conta com conferências temáticas e reuniões de negócios com os segmentos mais relevantes do mercado: Empreendedorismo, Agronegócio, Transformação Digital, IOT e Saúde.